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Mostrando postagens de outubro, 2020

Uma aprendizagem

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Natalia Ginzburg    Entre as leituras de José Saramago (a quem revisito) e Clarice Lispector (leitura constante), terminei há pouco As pequenas virtudes . Recomendado por um amigo, de quem sou leitora atenta, trata-se de um livro de ensaios de Natalia Ginzburg, escritos entre as décadas de 1940 e 1960. Os onze ensaios se dividem em duas partes, e o fato de se apresentarem numa ordem que não é cronológica ajuda a equilibrar a luz e a sombra. Mas todos eles, os textos, têm algo de luminoso para nos oferecer. Há uma forma delicada na escrita de Natalia Ginzburg. Mesmo que o tema se mostre de modo direto, como um soco, o que pode parecer contraditório, não é algo que fere. Nas linhas muito firmes de sua memória, um tempo triste, como no caso de “Inverno em Abruzzo”, cujo tema é o exílio (palavra que ressoa no livro, e só quem vive e viveu tal condição é capaz de empregar o termo precisamente), não se conclui com alegria, mas com uma constatação que não fui capaz de refutar, que consi

Não tenham medo de Clarice

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  Não sou especialista em Clarice Lispector, mas como leitora, tive vontade de escrever sobre ela, pois se aproxima o centenário de seu nascimento. Desculpem a simplicidade. Há um tempo venho publicando alguns vídeos em que leio e comento algumas crônicas claricianas, assim como os fragmentos das cartas que ela e o escritor Fernando Sabino trocavam na juventude e um conto ou outro do livro Felicidade Clandestina (1971), o meu preferido. Leio Clarice há muitos carnavais. Perto do coração selvagem (1943) foi o meu primeiro. Mas foi há três anos, mais ou menos, que mergulhei de fato na escritora de romances e contos, jornalista, cronista, mulher. Li muito sobre ela. Sou fascinada pelo modo como traduziu a vida, em todas as formas que escolheu. Pelo modo como se entregou inteiramente à escrita. Se alguém me pergunta, aconselho: não tenha medo de Clarice. Comece pelos contos. Quando passar pelas linhas de “Felicidade clandestina”, se não leu ainda As reinações de narizinho (1931), va